quinta-feira, 2 de janeiro de 2014















                                           

                                                  TRABALHAR CANSA





                                                  Estamos diante de um filme do chamado " novíssimo cinema brasileiro" , onde, se não prestarmos muita atenção no idioma falado, parecerá que estaremos assistindo a um desses bons filmes de terror/suspense do cinema argentino ou espanhol.
                                                 Mas, na verdade, trata-se da estreia em longas metragens de uma dupla de cineastas brasileiros, Marco Dutra e Juliana Rojas, exibido, inclusive, na mostra Un Certain Regard, no Festival de cannes de 2011.
                                                 A história, embora , à primeira vista, pareça ser a respeito da vida pacata e sem graça de uma família de classe média, fornece, aos poucos, elementos de terror que, no final , no meu entender, não servem para nada, a não ser acrescentar algo na crítica social feita pelo filme à família de classe média brasileira.
                                                  Dessa forma, tudo começa no núcleo familiar composto por Otávio, Helena e sua filha , ainda criança, Vanessa. Aos poucos é acrescentado ao filme a figura de uma empregada doméstica que aceita trabalhar sem ter seus direitos garantidos.
                                                 Otávio, vem a ser desempregado, mostrando um dos dramas que assola grande parte dos lares brasileiros, na mesma época que Helena, que não concluiu a formação universitária em virtude do csasamento, abre um mini mercado, ambiente que vai se revelando cheio de mistérios.
                                                E é num clima morno, sem grandes alegrias ou tristezas, tal como deve acontecer na vida de uma imensa maioria da população, que a trama se desenvolve.
                                                    Tem hora que eu até parava para me questionar: " Mas que vidinha mais sem graça. Como pode uma mulher se vestir de forma tão simples, não cuidar sequer da aparência e, ainda por cima, se satisfazer com um casamento tão monótono?"
                                                Mas, reside, aí, o grande mérito do filme! Sem ser enfadonho nos oferece um grande material de reflexão para como vivemos nossas vidas de forma medíocre que , nem mesmo, elementos de terror que apareçam na nossa vidinha, são examinados como deveriam ser. Preferem, muitos, queimar, às escondidas, coisas que não entendem , mas que incomodam, sem pesquisar origens, porquês e motivos.
                                                Muitos podem não se dar conta do que repesenta, simbolicamente, o fim que o casal deu às coisas tenebrosas que foram desenterradas da parede do mercadinho. Parece que o diretor e o roteirista não sabiam o que fazer com os elementos de suspense trazidos ao filme.
                                               Contudo, para mim, está aí exatamente a maior crítica que o filme se propôs. Mostrou que a maioria vive se importando e se incomodando por bobagens, tal como fazia Helena, sempre desconfiada de estar sendo enganada pelos funcionários de seu mercadinho. Por sempre achar que estava sendo enganada , prendia-se em contar míseos panetones mas pesquisar o que era misterioso e que foi desencavado da parede de sua loja, ela resolveu não fazer.
                                           Excelente filme de cunho psicológico e de crítica social de nossa sociedade.
                                            Recomendado!!!


                                          ( MARIA LUCIA WAGNER)

















                                                   






















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