quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

 O FILME " O TURISTA DA DOR ( DARK TOURIST)
E UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O CULTO À DOR E AO SOFRIMENTO





                               Ao criar o Grupo " A Magia do Cinema e a Vida" me propus fazer , a cada breve comentário a respeito de um filme visto, considerações de ordem filosófica, esotérica ou religiosa sobre o tema do filme.
                              Escolhi, agora, o " Turista da Dor " ( Dark Tourist) pois o enredo do filme e a abordagem que faz sobre o comportamento humano de cultuar lugares onde a dor existiu chamou, por demais, minha atenção.
                            É inegável que há aquele tipo de sujeito que se joga em circuitos turísticos de visitação a locais onde ocorreram tragédias, quer naturais ou humanas.
                              Mas , qual a razão da dor ser um imã nesta nossa sociedade ocidental? Ou será que a dor é um imã para todo o ser humano?    
                              Em Jean-Paul Sartre já encontramos a menção de que o ocidente desenvolveu o mito do comportamento sacrificial. Na verdade, vivemos numa sociedade que bajula a morte, cultiva a morte e, em sua grande maioria, festeja a memória da morte, impondo que todos nos sintamos culpados.
                               Temos um exemplo , na nossa cultura, que evidencia isso. Por qual motivos cultuamos toda a dor da morte de Jesus se sabemos que Ele ressuscitou? Por que nos entregamos  de uma maneira masoquista a assistir , em filmes,  a flagelação de Jesus , praticamente, todos os anos?
                                Quando eu era pequena, estudando em colégio de religiosas católicas, não entendia muito bem o motivo de ter que sofrer , todos os anos , na Semana Santa, pelas coisas indizíveis que fizeram a Jesus se, em meu coração, só existia a alegria de saber que Ele havia ressuscitado. Sentia-me culpada, até, por não querer assistis a terrível " Vida de Cristo" que era passada, ano após ano, na tela do cinema do meu colégio, com as imagens em tons de azul.
                              Realmente, em linhas gerais, há em nossa sociedade um verdadeiro êxtase ao se ver cenas de dor e de sofrimento. Gostamos de saber os motivos, ver a cena, ver o local onde ocorreram fatos terríveis. Basta notar a audiência alcançada por programas televisivos onde a dor, o sofrimento e a vilania sejam o tema.
                           Que tal mudarmos esta tendência que cultuamos dentro de nós? Que tal nos compadecermos da dor alheia, trazendo bálsamo para aliviá-la, sem nos entregarmos a morbidez de nos fascinar pelos detalhes da dor ocorrida ?
                            A dor não redime ninguém dos pecados. O fato de se autoflagelar não livrará você de seus pecados. Tornando-se generoso, solidário e tendo compaixão pelo outro é que encontramos o caminho da plemitude. De nada adianta nos infligir dor ou aos outros para reparar algum erro cometido.
                               Tenhamos um discurso pela vida que não seja simples retórica. Vivamos um pacto com a vida. E a vida transborda ao nosso redor, em todos os seres vivos deste planeta. Vivamos festejando a vida de forma autêntica e para isso não podemos compactuar com nada onde a vida seja ceifada.

                                     ( MARIA LUCIA WAGNER)
                     

















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